Por Adriana Maugeri

A indústria florestal havia acabado de colher os primeiros frutos positivos da retomada do setor – após a crise de recessão – e agora se vê, novamente, diante de um grande desafio. Os efeitos da pandemia atingem, em variados graus, o mercado produtor, consumidor, governos e a sociedade em geral. O intuito aqui, entretanto, é despertar o olhar positivo, obviamente com a dose certa de realidade.

Há uma crença de que nas crises é que se encontram as maiores oportunidades. Acreditamos nisso, sim, desde que sejam colocadas em prática a capacidade de reinvenção e a busca constante por alternativas. Essas oportunidades se tornam ainda mais evidentes quando falamos de um setor que, por seu enorme potencial para produzir madeira limpa e de qualidade, se destaca como um dos principais vetores econômicos e sustentáveis para a retomada do desenvolvimento de Minas Gerais, Estado que detém a maior base florestal do país.

As oportunidades que se abrem estão necessariamente vinculadas aos novos usos da madeira, novos mercados consumidores e aos setores incentivados por políticas macroeconômicas dos governos, como historicamente acontece, por exemplo, com a construção civil e a indústria automobilística. Outro destaque nesta crise foi a oportuna demanda global por papéis do segmento tissue (com baixa gramatura e capacidade de absorção), que trouxe maior equilíbrio ao mercado de papel e celulose em função da menor demanda por papéis de escrita e impressão.

Estou certa de que os aprendizados acumulados pelo setor despertarão as novas possibilidades para os ajustes necessários, para o foco nas áreas que estavam adormecidas e que, a partir deste momento, poderão abrigar grande parte do potencial da sempre promissora indústria florestal.

Os incentivos aos setores mencionados, ao emprego e ao consumo direto trazem consequências imediatas, porém não “pagam a conta”, uma vez que não são estruturantes de longo prazo quando tratados isoladamente como coringas no jogo do aquecimento do consumo. A ampla dependência da indústria florestal mineira a essas indústrias é algo que precisa ser repensado, uma vez que mantém alto o risco às oscilações do mercado nacional e global. É necessário um estímulo à manutenção desses setores funcionais, porém, em equilíbrio aos demais.

A pandemia escancarou o risco das fragilidades comerciais globais. Como em um jogo de xadrez, estamos à mercê dos movimentos chinês e norte-americanos. É chegado o momento de nos reposicionarmos com sabedoria, coesão de objetivos, alinhamento estratégico e união. Neste momento, torna-se ainda mais claro o importante papel das associações e demais entidades representativas dos setores. A indústria florestal mineira é representada pela Associação Mineira da Indústria Florestal (Amif), que está voltada a minimizar os danos e a preparar os associados para novos desafios, com maturidade e competência. Com propósito do aprendizado, resiliência e considerando o enorme potencial deste setor, vamos descolar a indústria florestal da crise, reduzindo os efeitos negativos e compartilhando os resultados positivos com a sociedade. Mais uma vez, vamos confirmar que uma das maiores vocações e potencial do Brasil e de Minas Gerais é e sempre foi a força da agroindústria.