Adriana Maugeri – Presidente executiva da AMIF

Assunto atual e de extrema relevância e prioridade de governos, empresas e sociedade é a conservação dos recursos naturais, principalmente após enfrentarmos a maior pandemia da história. Não resta mais dúvidas sobre a inadiável responsabilidade global em promover e incentivar a proteção ambiental como forma de reduzir riscos à saúde e assegurar a necessária e emergente recuperação econômica.

No papel conservacionista o setor de florestas plantadas pede a dedicação e a atenção da sociedade para sua proposta. Em Minas Gerais, a maior cultura agrícola estadual, que produz 2,3 milhões de hectares de florestas para prover madeira sustentável à sociedade, conserva mais de 1,3 milhão de hectares de florestas naturais, isso representa a metade de toda a área conservada pelo poder público estadual. Somente esta atividade econômica do agro conserva nos principais biomas mineiros, o equivalente a mais de 1,3 milhões de campos de futebol de matas nativas.

É maior cultura agrícola em área plantada em Minas e também uma das principais em volumes de negócios gerados, porém o foco é demonstrar como uma atividade econômica relevante como esta pode ao mesmo tempo ser também uma das principais conservadoras ambientais, aliando em sua essência o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, algo que para muitos ainda é improvável.

O setor cultiva árvores, pura vida, criação divina que com o auxílio da ciência são melhoradas para que melhor se adaptem aos diferentes climas e demais condições físicas em constante alteração de forma a produzirem madeira de qualidade e de forma renovável, em longos ciclos produtivos capazes de multiplicar os principais benefícios ambientais que proporciona. A relação entre as florestas plantadas e as florestas e matas nativas é simbiótica no modelo de manejo que o setor adota; protegem, oferecem serviços ambientais somatizados e juntas amenizam clima, protegem solo, recursos hídricos e disponibilizam para a sociedade usos múltiplos destas florestas. Obviamente que nem tudo são flores, ainda existem aqueles que insistem em produzir de forma inadequada e em desrespeito ambiental. Não se deve desclassificar uma atividade econômica tomando por referência os maus representantes, estes devem ser excluídos e devidamente responsabilizados por aturarem contrariamente aos princípios e valores prezados por quem cultiva árvores de forma sustentável. Quem planta florestas de forma responsável não desmata, e sim, utiliza áreas que já passaram pela intervenção e uso humano, denominadas áreas consolidadas.

É inadiável e imprescindível a união de esforços efetivos entre o setor produtivo, governo e sociedade para combater de forma implacável a perda de recursos naturais que nos coloca frente a frente a incontáveis riscos, alguns irreversíveis, como o aquecimento climático e a escassez hídrica.

As florestas plantadas são escudos às matas naturais, mas elas também sofrem e padecem dos mesmos riscos, porque também são formadas por árvores que mesmo de espécies diferentes, padecem frente à perda dos recursos naturais necessários.  A conservação e o enfrentamento à crescente e ameaçadora perda ambiental é prioridade do setor que precisa da qualidade de clima, água, solo, nutrientes, fauna ao seu favor para garantir o suprimento de madeira demandado pela sociedade e desta forma, proteger a pressão que as florestas nativas recebem por quem ainda não despertou para a promoção ambiental.

Um dos principais bioindicadores da qualidade ambiental dos plantios florestais em simbiose com as matas nativas são as abelhas. Hoje, praticamente em todas as áreas plantadas estão instaladas inúmeras caixas de abelhas em ações sociais colaborativas entre os produtores florestais e as comunidades locais para a produção do mel e seus subprodutos, tornando hoje o mel de eucalipto e o misto deste com a florada silvestre um dos principais produtos da indústria apícola nacional. Mais uma vez alinhando desenvolvimento econômico com conservação de florestas e inclusive das abelhas, apontadas hoje como uma população decrescente em nível global.

Em Minas Gerais uma das mais claras ameaças às florestas são os incêndios que causados em sua grande maioria pelo homem, consomem, de forma crescente, ano após ano, centenas de milhares de hectares de vegetação, causando a perda de vida, material genético, animais, moradias, empobrecimento de solo, alteração climática, doenças respiratórias, perda de água e do investimento de homens e mulheres que acreditam na produção de árvores como atividade econômica limpa, renovável e que proporciona a conservação de milhões de hectares de vegetação nativa.

Somente teremos uma sociedade saudável se de fato formos um planeta saudável. A aliança necessária entre a conservação ambiental, a promoção da vida humana e a vigilância climática deve ser o centro das decisões estratégicas para a agenda da recuperação econômica de quem acredita que ainda há esperança. Bons exemplos não faltam e buscam retribuir a sua atenção e confiança com sustentabilidade socioambiental, promovendo o novo e desejado desenvolvimento econômico verde.

Esta notícia é de uso livre e irrestrito desde que seja creditada a autoria à equipe da Associação Mineira da Indústria Florestal (AMIF).